Administração em tempo de crise

Hoje, a Escola Antonio Cintra Gordinho comemora mais um passo sólido na direção da implementação de seu projeto pedagógico. Estamos muito contentes em percebermos que a consciência sobre as dificuldades de se propor princípios comuns desde a Educação Infantil até o Ensino Técnico ajudou a seguirmos com cuidado no processo de transformação que temos vivenciado. É época de colheita, e até mesmo no espaço do Curso Técnico em Administração, onde ponderava-se se a flexibilização das práticas educacionais poderia acabar prejudicando a colocação dos alunos no mercado de trabalho, viu-se que o dever de dar oportunidade de construção de uma carreira não pode jamais estar desacompanhado de condições de ampliação da formação humana.

O que esta revista apresenta, com muito orgulho, então, são registros que evidenciam diversas aprendizagens que já mudaram e ainda virão a mudar as vidas deste grupo de alunos da EACG.

Contando com repertórios enriquecidos após o evento que nomeamos I Semana de Administração, cujo propósito era ofertar palestras de profissionais atuantes nas diversas áreas de conhecimento envolvidas no dia a dia do administrador, os participantes comentam sobre a sensação (boa) de constatarem que seus saberes, baseados nas teorias estudadas em sala, são legítimos, pois correspondem à realidade cotidiana da profissão, exposta pelos palestrantes. “Muitas pessoas já formadas aprenderam, na faculdade, conteúdos que estou aprendendo aqui”, diz a aluna Gabriele.

Assim, consideramos que as palestras funcionaram como momentos de recordação dos conteúdos estudados em sala. Foi um espaço onde houve interação com profissionais externos ao curso, possibilitando o contato com novos pontos de vista, embora todos tenham permanecido dentro de uma mesma linha de pensamento, que acreditamos ser construída a partir da percepção de que o curso dissemina uma importante base de conhecimento para compreensão de fenômenos do mercado de trabalho. Nesse sentido, a aluna Carolina afirma: “Se alguns assuntos não tivessem sido vistos antes, poderia ter sido complicado entender o que o palestrante estava falando. Um exemplo disso é o conceito de taxa SELIC.” Por esse motivo, o evento, que suspendeu as atividades normais de aula por uma semana inteira, foi interpretado como uma extensão do curso, em vez de uma pausa. “Bastante conhecimento, dentro e fora das palestras. No fim, acabamos debatendo e aprendendo entre colegas”, resume a aluna Anne.

Ao mesmo tempo, não foram apenas as temáticas explicitamente relacionadas à Administração que chamaram a atenção. No decorrer das palestras, houve vários aspectos que contribuíram para considerar aquele momento bom ou ruim, tais como a interação do palestrante com o público e sua empolgação ao tratar do tema abordado. Dentro desses quesitos, a avaliação é muito positiva em relação a falas em que a história de vida do palestrante fazia com que se identificassem e se envolvessem com o assunto tratado. Para professores e gestores, fica a impressão de que há um “algo mais” pelo qual os alunos anseiam ao se porem diante de alguém que está explanando conteúdos, mesmo que esses sejam de caráter eminentemente técnico; e, aparentemente, esses detalhes contam como importantes aprendizagens, na visão dos discentes. É possível pensar que um exemplo disso estaria no fato de o assunto “medo” ter aparecido em uma das palestras e, segundo os participantes, tê-los motivado a se questionarem sobre sua coragem de encarar desafios, comparada a sua vontade de ganhar acesso a outros ambientes (como a faculdade, o emprego em uma multinacional etc).

Como consequência, alguns alunos relatam terem sido expostos a muitas reflexões novas, mudando suas ideias já formadas sobre importantes temáticas. “Conseguimos amadurecer nosso conhecimento e fizemos reflexões para vida, tratando de assuntos complexos, desde como envelhecer tendo uma estabilidade financeira até mesmo sobre como podemos nos posicionar mediante a crise (política e econômica) por que estamos passando”, escreve um grupo de alunos. Além dos assuntos já citados, o evento foi muito oportuno para abrir a mente e pensar mais sobre o futuro e sobre o próprio estudo que desenvolvemos na EACG, que passou a ser visto por alguns não apenas como uma maneira de agregar linhas ao currículo, mas de obter conhecimento para a vida.

Se, por um lado, as palestras inspiraram os jovens do Curso Técnico a refletirem com entusiasmo sobre sua autonomia no âmbito social, financeiro e profissional, para a equipe educacional, por outro lado, fica uma nota de re-energização para o trabalho que deve seguir, celebrando o que foi feito até aqui e pensando com afinco no que virá pela frente. Uma meta clara, diante dos textos que se encontram neste volume, é buscar maneiras de ajudar o aluno a identificar e se relacionar com suas aprendizagens, nas diversas disciplinas do curso, em contextos que extrapolem os procedimentos escolares de avaliação, ampliando as possibilidades de ação consciente na sociedade. Esse ponto de vista só se reforça ao ouvirmos as falas empolgadas daqueles que compreenderam, entre outros pontos, que a ética se aplica cotidianamente como postura reflexiva diante dos dilemas da vida (Palestra “Significados da Ética”); e que os hábitos de consumo individuais têm que ser pensados politicamente para não compactuarem com crimes, como a exploração de publicidade infantil (Palestra “Projeto Criança-Consumo”). E a aprendizagem continua! Boa leitura!

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